Acordou mais cedo, naquela específica manhã de inverno. Não sabia bem por que escolhera aquele dia, mas era preciso, pensava. Vestiu-se com a mesma calma de costume, não tinha pressa. Escolheu um chapéu ao acaso e saiu sem fechar a porta. O dia estava fresco, os raios de sol despertavam um pequeno confronto com aquela manhã de inverno. Caminhou sem prestar especial atenção aos buracos acidentais da calçada, sem ver as velhinhas que alimentam os pombos das redondezas com deliciosas migalhas de pães. Subiu a rua sem nunca abrandar o passo. Olhou o relógio. Estava quase na hora, receava que não chegasse a tempo. Já conseguia ver a estação. Ainda tinha cinco minutos para descansar daquela euforia matinal quando chegou. Olhou à volta. Sim, era um bom dia aquele. Por cima dos edifícios pôde ainda admirar o mar e alguns navios perdidos. O apito do trem não tardou, o qual dava para ouvir ao longe. Estava na hora, e se as suas pernas não lhe falhassem, como já havia acontecido noutras vezes, iria conseguir. Naquele segundo, aquele que nunca ninguém conseguiu explicar bem, lentamente, aquela mulher, jovem e linda, atirou-se sorridente sob a linha do trem que fazia a ligação entre duas insignificantes cidades vizinhas. Naquele momento, ela havia realizado um sonho antigo... Há quem diga que era louca.
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
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